novembro 28, 2006

“The Soul of Fado”

Tributo de Guus Slauerhoff ao universo do Fado, entendido no quadro da sua plena universalidade.
O fascínio pelo fado levou-o a visitar Lisboa por várias vezes, nos anos de 2004 e 2005.
Alfama, bairro repleto de segredos históricos, e o Museu do Fado que aí se encontra, ganharam para ele um interesse primordial.
Durante as suas estadas em Lisboa, desenhou fadistas nas casas de fado e vagueou quotidianamente por Alfama, cuja ambiência conseguiu assim encontrar mais de perto.


A arte plástica de Guus Slauerhoff quer representar aquela vivência e experiência do fado, tocando-as, explorando-as, tornando-as palpáveis e visíveis como uma nova dimensão do fado.





"Os meus quadros contam uma história. São uma espécie de ícones de esperança", diz o artista no vídeo que acompanha a exposição. "Nunca houve um artista como eu que manifestasse desta forma este
interesse pelo fado. Gosto de calcorrear as ruelas, de ouvir os intérpretes do fado vadio. Há sempre uma lua no céu, um cão que ladra, um galo a cantar.. Acho isto uma experiência muito valiosa. Eu sou fado, deambulo aqui como o fado, a minha vida é fado".


Paralelamente às suas pinturas, Guus Slauerhoff criou objectos com materiais que"são uma espécie de atributos da vida".


Exemplo disso são uns sapatos, que comprou por um euro na feira da ladra, e que o artista deu nova vida caligrafando neles uma letra de fado e baptizando-os de "sapatos de fado". Porque, como confessa, "o fado possibilita-nos, enquanto seres humanos, contar a poesia intensamente profunda da vida".


A Exposição "The Soul of Fado" (a alma do fado) inclui 18 pinturas, 14 desenhos,. cinco esculturas e ainda trabalhos de colagem e de ensemblage. De 16 de Novembro a 16 Janeiro de 2007, no Museu do Fado

novembro 03, 2006

A Guitarra Portuguesa

A guitarra portuguesa é um instrumento muito difundido em Portugal sendo o que mais se aproxima do sentimento Lusitano do povo português.

A guitarra portuguesa tem um timbre de tal modo inconfundível que, onde quer que esteja, qualquer português a reconhece aos primeiros acordes. É um instrumento musical carregado de simbolismo e, à mercê da sua longa aliança com o Fado, é conotado com o "modo de ser" português. Destino, fado e saudade são palavras que naturalmente se associam ao trinado da guitarra portuguesa.

"Para interpretar o Fado, nenhum instrumento mais de jeito que a guitarra. Está costumada a cantar tristezas desde a mais remota antiguidade e além disso fala tão baixinho que não chega a incomodar os grandes, os felizes, os opulentos. É quase uma criança que chora ou uma mulher que suspira. Impressiona e não atordoa. Faz-se ouvir, mas não se impõe." - citação de Alberto Pimentel, em Photographias de Lisboa, pág.64.

De origem bastante remota, foi outrora designada por guitarra mourisca, por ter certa semelhança com o alaúde, que os árabes introduziram na Península Ibérica sendo, no entanto, as características dos dois instrumentos algo distintas.



As origens da guitarra portuguesa remontam à Idade Média, a um instrumento chamado cítula. Esta evoluiu ao longo dos tempos, passando pela cítara, culminando na guitarra portuguesa.

Começando por ser instrumento habitual nos salões da alta burguesia, sobreviveu e transformou-se nas mãos do povo, para se tornar, actualmente, num instrumento popular.

A guitarra de Fado, como é hoje designada, foi durante muito tempo conhecida por guitarra inglesa. A razão desta designação era devida ao seu fabrico, em Inglaterra, por um violeiro famoso chamado Simpson, o qual fabricava os melhores instrumentos deste género, alguns dos quais eram exportados para Portugal.

Para a construção de qualquer guitarra portuguesa, usam-se madeiras importadas desde a Idade Média, já que os fundos e ilhargas da guitarra têm de ser fabricados em pau-santo, ácer ou mogno. O tampo é executado em spruce, ou pinho da Flandres. Mas, "a grande diferença entre uma boa guitarra e uma má, feitas exactamente com a mesma madeira está na mão do construtor"(citação de Pedro Caldeira Cabral, actualmente uma das maiores autoridades em guitarra portuguesa e música antiga).

A guitarra portuguesa é, em linguagem técnica, um cordofone composto, cuja caixa harmónica é periforme, ou seja, tem forma de pêra. É constituído por seis pares de cordas e já teve diversas afinações, mas a que realmente se enraizou foi a a Afinação de Fado: a começar pelas cordas mais agudas, Si - Lá - Mi - Si - Lá - Ré.



Existem três tipos de guitarra portuguesa: a de Lisboa, a do Porto e a de Coimbra, com diferentes tradições de fabrico. A de Lisboa é a mais pequena das três, com caixa baixa arredondada e é a que possui o som mais "brilhante". A de Coimbra é maior, com o corpo assumindo uma forma mais aguçada. A do Porto é semelhante à de Lisboa. Uma das principais diferenças reside na cabeça da guitarra: a de Coimbra possui uma lágrima incrustada, enquanto que a de Lisboa apresenta um caracol.